Uma moradora de São Pedro do Ivaí, no norte do Paraná, fez uma doação ilegal do filho recém-nascido de dois dias para uma mulher que mora em Glória de Dourado (MS), segundo a Polícia Civil. O fato ocorreu no dia 8 de novembro. O pai da criança não sabia da doação e conseguiu recuperar a criança.
O delegado de Jandaia do Sul, Italo Sêga, que investiga o caso, disse ao G1 que as mulheres se conheceram através da internet e que houve uma negociação de R$ 300 para comprar o enxoval do bebê e pagar uma cirurgia de laqueadura.
"A mulher de MS sofreu um aborto na primeira gravidez e colocou um anúncio em um site na internet dizendo que tinha dificuldades para ter um filho. Ela dizia que queria adotar um bebê recém-nascido, com as características do bebê paranaense. A mãe viu o anúncio e decidiu entrar em contato com a mulher", explicou o delegado.
Sêga disse também que o pai da criança estava viajando a trabalho e que, por estar longe de casa, não sabia da 'negociação'. "Ele pediu licença do trabalho e viajou para São Pedro do Ivaí, onde mora com a família, para conhecer o filho. Quando descobriu que a esposa tinha entregue a criança, acionou a polícia e o Conselho Tutelar da cidade".
O recém-nascido foi levado de ônibus pela própria mãe até o Mato Grosso do Sul. "Uma coisa incrível. Ela não conhecia a região, e como o marido não estava em casa, escondeu a situação e viajou sozinha", relatou o delegado. A criança foi resgatada na quarta-feira (21) e entregue ao pai. "Ele estava louco para ver o filho e quando chegou e se deparou com a situação ficou desesperado, coitado", afirmou Sêga.
"Quando chegamos ao MS encontramos a criança em poder da falsa mãe. Ela me aparentou ter problemas psicológicos. Afinal, mentiu para toda a família, inclusive para o marido, e disse que o bebê era de uma segunda gravidez". O delegado completou e disse que acredita que a moça perdeu a criança e quis esconder da família que tinha abortado. "Por isso então, ela decidiu 'negociar' o bebê e dizer que era dela".
A mãe disse ao Conselho Tutelar que aceitou doar a criança porque sofreu depressão pós-parto. Ela passa por tratamentos psicológicos.
As duas mulheres não foram presas. A mãe vai responder pelos crimes de abandono de incapaz e adoção ilegal. Já a outra mulher, por adoção ilegal e subtração de incapaz. Se forem condenadas, as duas podem cumprir pena de aproximadamente três anos, segundo o delegado.