Durante o Carnaval, crianças e adolescentes ficam mais expostos a situações de violência e abuso em muitas cidades do País. Por isso, neste período, o Governo Federal dá ênfase à Campanha Nacional de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes para lembrar que violência sexual é crime e deve ser denunciada.
“É uma época em que as pessoas tendem a encarar as situações com um senso de maior permissividade e as referências morais são um pouco relativizadas. Nesse contexto, abre-se mais possibilidades de violência, especialmente a sexual, contra crianças e adolescentes”, afirma Joacy Pinheiro, coordenador do Disque Denúncia, o Disque 100.
Segundo relatório realizado pelo órgão, entre janeiro e dezembro de 2010, 80% dos jovens expostos à violência eram do sexo feminino, a maioria das denúncias foram registradas na região nordeste do país, seguido por sudeste, sul, norte e centro-oeste. São Paulo foi o estado que mais denunciou abusos.
Seja pela força ou outra forma de coerção, a violência sexual contra jovens é uma violação que se traduz pelo abuso e/ou exploração do corpo e da sexualidade de meninas e meninos, expondo-os a atividades sexuais impróprias para o desenvolvimento físico, psicológico e social.
Há diferença entre o abuso e a exploração sexual. O primeiro se define por qualquer ato de natureza ou conotação sexual em que adultos submetam menores de idade a situações de estimulação ou satisfação sexual, imposto pela força física, pela ameaça ou pela sedução. O agressor costuma ser um integrante da família ou conhecido. Já a exploração pressupõe uma relação de mercantilização, em que o sexo é fruto de uma troca, seja ela financeira, de favores ou presentes. A exploração sexual pode se relacionar a redes criminosas mais complexas e envolver um aliciador, que lucra intermediando a relação da criança ou do adolescente com o cliente.
Como indentificar
O surgimento de objetos pessoais,brinquedos, dinheiro e outros bens que estão além das possibilidades financeiras de uma criança e da família podem indicar o favorecimento ou aliciamento de crianças e adolescentes.
rianças e adolescentes também demonstram, quase sempre de maneira não-verbal, que foram vítimas de situações de maus tratos e de abuso sexual. Fique atento para alguns indicadores na conduta da criança/adolescente:
Sinais corporais
• Enfermidades psicosomáticas, que são uma série de problemas de saúde sem aparente causa clínica, como dores de cabeça, erupções na pele, vômitos e outras dificuldades digestivas que têm, na realidade, fundo psicológico e emocional;
• Doenças sexualmente transmissíveis, diagnosticadas em coceira na área genital, infecções urinárias, odor vaginal, corrimento ou outras secreções vaginais e penianas e cólicas intestinais;
• Dificuldade de engolir devido à inflamação causada por gonorréia na
garganta ou reflexo de engasgo hiperativo e vômitos (por sexo oral);
• Dor, inchaço, lesão ou sangramento nas áreas da vagina ou ânus;
• Ganho ou perda de peso visando afetar a atratividade do agressor;
• Traumatismo físico ou lesões corporais por uso de violência física.
Sinais comportamentais
• Medo ou pânico de certa pessoa o sentimento generalizado de desagrado quando é deixado sozinho em algum lugar com alguém;
• Medo do escuro ou de lugares fechados;
• Mudanças extremas súbitas e inexplicadas no comportamento, como oscilações no humor entre retraído e extrovertido;
• Mal estar pela sensação de modificação do corpo e confusão de idade;
• Regressão a comportamentos infantis, como choro excessivo sem causa aparente, enurese (xixi na cama) e chupar dedos;
• Tristeza, abatimento profundo ou depressão crônica. Fra
co controle de impulsos e comportamento autodestrutivo ou suicida;
• Baixo nível de auto-estima e preocupação exagerada em agradar os outros;
• Vergonha excessiva, inclusive de mudar de roupa na frente de outras pessoas;
• Culpa e autoflagelação;
• Ansiedade generalizada, tensão;
• Comportamento agressivo, raivoso, principalmente dirigido contra irmãos e um dos pais não incestuoso;
• Alguns podem apresentar transtornos dissociativos na forma de personalidade múltipla.
Sexualidade
• Interesse ou conhecimento súbitos e não usuais sobre questões sexuais;
• Expressão de afeto sensualizada ou mesmo certo grau de provocação erótica, inapropriado para uma criança;
• Desenvolvimento de brincadeiras sexuais persistentes com amigos, animais e brinquedos;
• Masturbar-se compulsivamente;
• Relato de avanços sexuais por parentes, responsáveis e outros adultos;
• Desenhar órgãos genitais com detalhes além de sua capacidade etária.
Hábitos, cuidados corporais e higiênicos
• Abandono de comportamento infantil, de laços afetivos, de antigos hábitos lúdicos, de fantasias, ainda que temporariamente;
• Mudança de hábito alimentar – perda de apetite (anorexia) ou excesso de alimentação (obesidade);
• Padrão de sono perturbado por pesadelos frequentes, agitação noturna, gritos, suores, provocados pelo terror de adormecer e sofrer abuso;
• Aparência descuidada e suja pela relutância em trocar de roupa;
• Resistência em participar de atividades físicas;
• Frequentes fugas de casa;
• Práticas de delitos;
• Envolvimento em prostituição infanto-juvenil;
• Uso e abuso de substâncias como álcool, drogas lícitas e ilícitas.
Relacionamento social
• Tendência ao isolamento social com poucas relações com colegas;
• Relacionamento entre crianças e adultos com ares de segredo e exclusão dos demais;
Crianças e adolescentes também demonstram, quase sempre de maneira não-verbal, que foram vítimas de situações de maus tratos e de abuso sexual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário